Agora vai ser diferente de antes? (“Eu nasci há 25 anos atrás”)

Passei estes últimos meses viajando por parte do Brasil e quero ver mais! Vi muita coisa e senti muita coisa, também! Me apaixonei e me odiei repentinamente, que nem eu mesmo sei. Já me sinto velho com apenas 23 anos!

São os tempos? A vontade é de chorar ou morrer de rir. A vontade é de jogar tudo para os ares e correr por ai. Coisa bem típica de outras gerações, não é mesmo?

Na verdade, é coisa típica de qualquer coração suprimido. Dizer que “não” seria sucumbir ao plágio de uma espécie de homem que não sente e não existe! Eu sinto e sou homem por causa disso. Quero arrisca mais por essas coisas!

Quando voltei para casa, após esta última viagem para Recife, percebi que não posso ficar aqui parado. Merda, o mundo é grande! Conheci pessoas de todo o Brasil, gente do Acre (ele existe), Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Goiás, Pernambuco, Paraíba, Piauí… e soube que há mais histórias e estórias por traz das TVs e mídias sociais virtuais. Verbos e sorrisos saudosos de uma geração que não sabe para onde vai, não sabe se pensa no futuro ou se joga tudo agora. Tudo isso em poucos dias!

Eu me sinto velho. O mundo vai acabar em 2012? Deixa eu viver um pouco mais! Isso tudo é grande, esse Brasil é maior ainda! Quero ir para o Sul, Oeste, Além Mar, partir do Marco Zero e ir ao Norte sem direção!

Sei que isso não é algo novo, mas Quero ficar mais jovem e mudar o que veio antes!

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ps: Os domingos com o Senna eram bem mais legais!

Caros amigos marcianos

Caros amigos marcianos

Sei que vocês já estudaram o suficiente os humanos, animais que têm um ancestral comum com os macacos, segundo minha professora, Senhorita Lú. Mas, será que vocês ainda não querem uma cobaia para fazer teste?

Sou um menino muito bem comportado. Papai Noel até me deu uma bicicleta no Natal. E ganhei doces na Páscoa… Mas, enfim, sou um bom exemplar da minha espécie. Tenho olhos castanhos e cabelos enrolados da mesma cor. Meus amigos até me chamam, carinhosamente, de “Castanha”.

Sou o mais novo de uma família de cinco filhos. São quatro meninas e eu – posso falar muito sobre as mulheres humanas. Sei que vocês capturam menos meninas que meninos. Meu Pai disse que é por que homens bebem mais cerveja que mulheres. Mas acho que é por causa da tal TPM, né? Tem uma época do mês que meu pai e eu ficamos sentados no sofá de boca fechada, para não levar um tapa da minha mãe ou um esporo das minhas irmãs. É até legal, é quando meu pai pergunta se pode jogar futebol comigo e meus amigos no campinho da Rua do Seu Macedo. Aliás, Seu Macedo disse que já foi “abduzido” (que palavra estranha, não acham?) por vocês uma vez. Ele me contou tudo e já me ensinou a língua de vocês. Só que é secreta, né? Então não podemos falar marcianês em uma carta… Os agentes americanos desconfiam de tudo! Mas, Seu Macedo disse que eles não iam desconfiar da carta de um menino de oito anos. Eu não entendi por quê. Mas acredito em tudo que ele diz. Ele é incrível!

Já fiz minha mala. Não sou muito apegado as coisas, mas vou levar meu boneco do Goku e minhas camisas das fazes da Lua, que ganhei de presente de aniversário da minha vizinha, a Senhorita Lú (minha professora, que, aliás, é muito bonita).

Bem, vou esperar vocês lá no campinho da Rua do Seu Macedo. Não se atrasem, tentem sair mais cedo para não pegar congestionamento, pois só vou esperar até as 21h. Depois disso eu durmo!

Tenho saudades de você

Sim, tenho saudades de você! Meu bem, eu te amo, mas se você continuar assim, me negando, vou explodir. Quero que me abrace na frente dos seus amigos e diga para sua mãe que vou almoçar lá, no domingo.

Seu Pai vai adorar meu hobby e vou chamar seu irmão para o futebol! Garanto que vão me adorar! Você não me adora?

Outro dia e vi você chorar por isso. Então pára! Está na hora de acertarmos isso. Você não gosta de mim? Temos que passar para outro ‘estágio’ e você não quer me fazer feliz. Eu sei que sou tudo o que você quer de um homem, querida. Mas não adianta negar os meus carinhos agora. Eles já te alimentaram durante noites. E só querem os seus beijos quentes. Sei bem que tudo é possível, mas você vai ter que parar com essas besteiras de “mulher preocupada com o futuro de sua “liberdade””.

Vamos casar e pronto! Está decidido por nós dois.

Até o Padre da Matriz aprova! Você não quer? Eu te amo tanto e vou te fazer tão bem. Vou fazer o melhor de mi!

Você vai ver!

Garota, olhe bem pra ‘dentro de mim’ e me diga que não me ama. Você já me disse que fui a sua salvação. Então, se cale e, p#@$ m#$%@, me beija logo, menina veneno!

Quase tudo que aprendi – Parte I

Ao sair no meio da chuva, deixei em minha casa esposa e um filho de cinco anos. Descobri que não voltaria para o calor dos braços dos meus tão cedo.

Em meus olhos precipitou-se uma lágrima. Tirei do bolso, do velho paletó, um lenço rasgado e amarelo. Não o usei apenas para aparar a gotícula de água, mas, também, para enxugar minha testa franzida de trinta e dois anos. Joguei o lenço na sarjeta. Corri para não perder tempo.
O guarda-chuva estava rasgado; caíram pingos d’água

Quase tudo que aprendi foi usar um terno!

em minhas costas; parecia que um cachorro havia mijado  em mim.

Quase tudo que aprendi foi usar um terno!

Não tinha como distinguirem-me na noite. Estava invisível na chuva.
Me sentia seguro.
Por isso, corri pisando nas poças d’água e chutando as latas de lixo da rua.

A estreita viela terminava em uma avenida, onde os carros corriam mais que eu!
Respirei fundo.
– Vamos até o fundo. – Falei comigo mesmo.
Como sempre, parei de correr.

Caminhei um pouco e parei debaixo de uma marquise; fechei o guarda-chuva rasgado; ajustei o palito no escuro.
Discretamente, tirei um velho relógio do bolso, conferi a hora.

– Cheguei na hora certa! – Não senti alegria com isso. Em outras situações talvez.

Uma mulher passou por mim cinco minutos depois de ter-me aninhado debaixo da marquise. Vestia um vestido cinza e usava um gorro amarelo-pastel; fumava e jogava longe a fumaça que gozará em seus pulmões; tinha boas feições, a moça, e não usava guarda-chuva. São Pedro tinha dado uma trégua.

Podia-se ver a lua quando estava entrando no carro.

– Olha lá, a Lua João! Você gosta da Lua?

Meu nome, João, quase tinha esquecido. Aquele sujeito com cara de idiota fez-me lembrar de meu nome!

– Olá “J”? – interrogou o motorista – vamos ter uma noite tranqüila hoje ?

Respondi que sim com a cabeça. Queria dizer que não! Não disse, deixei para fazer uma surpresa.

As instruções que deixei com minha esposa eram simples. Ela entendeu quando disse que precisávamos fazer aquilo. Colocou as balas na minha arma pela manhã e arrumou as malas pela tarde!

Saquei a arma e atirei no sujeito do meu lado. Em um piscar de olhos, também, já tinha matado o cara da frente.

– Ele nunca falava nada mesmo – resmunguei ao tirá-lo do volante; joguei os corpos no fundo do carro e depois limpei o volante. Segui viagem pela avenida deserta.