Eu vivo, meu bem

Eu sou barão na Bahia
Que sorria um dia
Para você, meu bem
Meu escritório é na Lapinha
Porque nem só de Dinha
Eu vivo, meu bem.

Venha comigo
Todo domingo
Se banhar no Porto
Hein, mostrar que não namoro um avião
Mas um completo aeroporto.

Eu sou indigente na Bahia
Tenho contigo um caso de dia
E de noite uma paixão que arrepia
Quero-te perto, meu bem
E por ti tudo faria
Quero ser seu eterno “ninguém”.

Caminhe comigo,
Todo santo domingo
Tomar banho no Porto
Mostrar que não namoro um avião
Hein, mas um só meu aeroporto.

Pois não sou poeta

Eu não sou poeta!

eu me movo

com certas palavras e cores

do mundo grande sem profetas

 

Que os campos têm provavelmente mais flores

Eu ainda não vi nenhum dia

Nada que me fizesse perder a esperança que se aproxima

de uns certos simples rumores

 

Coisas que dizem meu coração

coisas para qual eu temia ver e queria,

com certeza, poder inventar uma palavras para isso

mas, como dizem, não sou poeta então.

 

Carro que me leva não me trás se quiser

e é hora de chover para poder pisar na poça

e ficar te esperando sozinho

te esperando para ver o que vou te dizer de pé

 

Para algo mais eu fico só olhando

coração agradece se toco meu próprio peito

Sentir felicidade não é coisa de quem escreve

é coisa de quem lê outra face pensando

 

Se não dá para ver a noite impede crer

eu simplesmente finjo não temer nada

pois, é claro, eu quero ver o abrir do dia

E pintar quadros com Sol e sua letra de nome tecer

 

Pois se noites longas não durmo bem

Durmas por este que dizem poeta não ser

Poeta finge muito bem, eu não

Só ligue para quem de longe vem

 

Que assim me aquieto com te ver

Pois não sou poeta

Sou outra coisa que quero pra mim

Sou aquele que vai escrever e dizer “você”: você!