1002

Existem 1002 palavras que movem pessoas

Existem poucos corações fortes que podem mover multidões

Olhares, somente, movem legiões?

E para onde se volta? Só há olhares de esperança!

E corações de aço, desarmados.

Por um tempo, esperem “o complicado”

É tudo tão fácil de se resolver.

Mas, somos tão estúpidos que não queremos ceder!

O primeiro sou eu ou o último é você?

 

ps: feito em 2013

Quem dirá? (La femme)

Quem dirá?

Que tenho vontade de dormir até semana que vem?

Quem dirá?

Que quero largar tudo e ir morar em Paris por te ver?

Quem dirá?

Que te perdoo quando casualmente não me vê, tudo bem!

Quem dirá?

Que não sei sempre o fazer com você!

 

Eu sou assim e não tem como ser outra

O que se pode esperar? Eu não sei como mudar!

De tudo isso, o que mais quero é ser contra

 

Quem fará?

Eu não gosto de pensar em feriados prolongados

Quem fará?

Tem programas demais na TV!

Quem fará?

É complexo pensar na vida e na morte dos unicórnios alados

Quem fará?

Por mais que te odeie tem sempre espaço aqui pra você

 

Estou assim, não tem como ser por outro!

Pensa um pouco em mim? Penso em gritar perto de você.

Vê? Tudo está assim mais do que solto

 

Meu coração vaga por uma massa escura

Não tenho trinta e três anos e vinte dias. Sabias?

Decidi não fugir mais somente agora

 

Veja, não tenho mais hora… a perder

Que dirá que fiz o que deveria fazer?

Quem fará por mim o que quero fazer?

 

Êeeeeeeeee…u!

Estou indo, com ou sem você.

 

 

 

Pois nem algo novo

Havia um homem na esquina
Havia um carro na esquina
Havia um poste na esquina
Havia algo novo na esquina

Era uma rua comum
Era uma para crianças descalças jogar
Era um rua pra se papear
Era um rua bem iluminada

Dois homens na esquina
Dois gatilhos face a face
Dois gemidos de dor
Dois dias de janelas fechadas e crianças caladas

Eu fugi de casa
Eu vi tudo deserto
Eu vi parede pintadas de vermelho
Eu não vi mais lâmpadas acessas à noite

Acabou os babas, bambolês e baleados
Acabou a festa antes de começar
Acabou a alegria das mulheres de saia e chinelo na mão
Acabou o dia e havia ainda um poste sem luz

Pois não tinha mais carro na esquina e nem homens,
Pois nem gatilho,
Pois nem algo novo,
Pois tudo já era velho e o medo também.

Fernando Pessoa e Eu

Você, Fernando Pessoa,  me disse que “o essencial da arte é exprimir; o que se exprime não interessa”. Mas, ai, eu pergunto, querido companheiro, e quando se tem mais que “arte” envolvido no meio da coisa? O que devo exprimir? E isso não terá valor também? E por acaso terei que esconder meus sentimentos se outros o fazem por medo? E se eu não querer isso? E se meu objetivo é o resultado, a coisa “exprimida” e não o processo? E se não me interessar o contexto e eu só querer sentir, fruir o que terei no final da arte, sem ligar para mais nada? E se, em síntese, Fernando Pessoa, eu querer ser apenas feliz e arriscar abdicar do essencial da arte?

Mas, com medo pergunto também, e se esse resultado dela, a “arte”, ficar tentando se esconder de mim?  Querendo esconder dos meus olhos o que leio com o resto, meu coração? Vou ter que aceitar o que você disse?

Ouso dizer-lhe que não vou cair por terra ou desistir, querido amigo, mesmo que insista em tentar-me desviar da verdadeira arte: a arte que não busca ser essencialmente arte.

Est-il!

É o sorriso dela

é o meu sorriso

 

É o beijo dela

é o meu beijo

 

É o jeito que ela me olha

é o jeito que olho pra ela

 

É o suspiro dela

é o meu suspiro

 

É o cheiro dela

é o sonho que tenho

 

É tudo novo nela

é a mudança em mim

 

É cada detalhe por descobrir

é cada coisa em mim

 

É o jeito dela dizer

é o meu jeito de ouvir

 

É ela

é mim!

Eu queria ter nascido criança

Eu sabia voar!Eu queria ter nascido criança.  Eu devia ter feito mais coisas legais quando criança. A gente depois que cresce compreende que a infância e a melhor parte da vida –“antes de um filho, é claro” (ainda não tive filhos, mas terei!). Dá muita vontade de voltar à infância, dá muita vontade fazer um bocado de coisa que não fiz e refazer outra tantas coisas fantásticas que transforam minha vida para sempre.

Ah, primeiro, eu devia ter ido mais vezes para a escola com aquela estagiária de magistério, que ia me pegar em casa. Eu tinha cinco anos, ela tinha 15, mas isso não impedia meu amor por aquela moça de cabelo castanho, voz suave e olhos verdes. Não. Mas, eu era tolo. Às vezes queria que minha mãe me levasse… tinha medo da menina, veja só. Bom, enfim, sei que ela é casada e tem, ao menos, um filho. Fui jogado para escanteio…rsrsrs

Legal. Segundo, devia ter jogado mais bola no campinho na frente de casa. Poxa, vejam só, já faz meses que não sei a cor da pelota! Se eu fosse criança agora não teria medo de apanhar da minha mãe por que tava jogando bola com o meu irmão Elias, meu primo Robson e o vizinho da esquina, o Dennis. Poxa era massa! A gente fazia um gol –com uma trave no poste de iluminação e outra no meio da rua – e brincava de quinze toques até o arremate ao gol. Naquela época eu falava assim: “Sai que é tua Taffarel!” e ai na bola como um gato no rato! “Brinquis”, eu fechava o gol rapá! Tai, outra coisa que me arrependo muito na minha leve infância: ter medo de fazer as coisas legais por causa da surra que minha mãe, certamente, iria dar. Eu era – é difícil reconhecer isso – um menino amarelo. Sim. Apesar das muitas cosias que fiz e aprontei, eu tinha muito medo da reação de D. Maria Cremilda.

Certa vez, num final de tarde desse que a gente não quer voltar pra casa e só tem interesse na brincadeira de polícia e ladrão (eu só queria ser o “polícia”), mesmo com o perigo das cobras e etc e tal no meio do mato ralo, eu cai na besteira, depois de ter sido arrastado por minha mãe para dentro de casa e em seguida encarregado de chamar o meu irmão do meio para dentro de casa, em falar o seguinte: “Elias, mãe mandou vir pra casa e parar o baba! Ela tá injuriada!” Pra quê, meus Deus?! Foi eu terminar de falar a palavra “injuriada”, que minha mãe saiu “ventando” na porta pra fora… pá!

Já contei que quando criança, eu pensava que sabia voar? Não, né? Pois, lembro que, às vezes, eu dava um corrida e saltava, saltava mais longe que João do Pulo. Ó, bem mais longe! Na verdade, eu sabia voar. Esse era meu segredo: eu era o Super Homem! Depois que cresci, tentei repetir o feito de minha infância, mas a magia dos meus superpoderes foi embora. Cai de cara no chão e engoli um monte de terra.