Let it out

Deixe tudo sair, deixe tudo sair

Tudo bem se não for bom o bastante

Alguém já fez o rascunho

Uma flor desenhada balança saindo daquele muro

Ela representa o eu próprio ego, mas ninguém entende isso

No meio dessa longa estrada

Perdendo e achando coisas

Nesse momento eu me sinto solitário e começo a chorar

Lágrimas e dor, as estrelas vão mudar isso

Vamos acender as luzes, para iluminar o amanhã

Segurando as suas pequenas mãos, vamos fazer isso juntos

Vamos encontrar aquela estrela cadente que brilha eternamente

Adeus, um dia ela poderá passar por aqui

Mesmo se as estações continuarem a mudar

Se eu tiver perdido, continuarei andando

Junto com você vou seguir meu caminho

Por que sozinho isso nunca irá mudar!

Do que mais vou ter que abrir mão?

“Eu não consigo me concentrar, o meu corpo ainda está hesitando

Seu eu tremer, mesmo com meu controle, a foto ficará tremida

Nem o sol nem a sorte completam o meu jeito

“Mas eu ainda tenho que fazer isso”

Eu grito isso para mim mesmo

A situação é ruim, mas simplesmente fugir é covardia

Eu não tenho perspectivas, vou ter que conseguir isso com coragem

Enquanto a minha insistência me pressionar, eu procuro o meu destino de longe

O que eu preciso é de um pouco mais de orgulho

Esse é o doce da vitória

Ou o amargo da derrota?

É tudo uma possibilidade

Eu quero manipular o destino

Agarre o perfeito Momento de Ouro

Eu vou fazer um rosto inexpressivo com todas as minhas forças

Me arraste para um mundo de ilusão

Sair desse interminável jogo de pressão

E pular para a linha da vitória

Quanto mais? Quanto mais eu vou ter que pagar?

Do que mais eu vou ter que abrir mão?”

Quase tudo que aprendi – Parte I

Ao sair no meio da chuva, deixei em minha casa esposa e um filho de cinco anos. Descobri que não voltaria para o calor dos braços dos meus tão cedo.

Em meus olhos precipitou-se uma lágrima. Tirei do bolso, do velho paletó, um lenço rasgado e amarelo. Não o usei apenas para aparar a gotícula de água, mas, também, para enxugar minha testa franzida de trinta e dois anos. Joguei o lenço na sarjeta. Corri para não perder tempo.
O guarda-chuva estava rasgado; caíram pingos d’água

Quase tudo que aprendi foi usar um terno!

em minhas costas; parecia que um cachorro havia mijado  em mim.

Quase tudo que aprendi foi usar um terno!

Não tinha como distinguirem-me na noite. Estava invisível na chuva.
Me sentia seguro.
Por isso, corri pisando nas poças d’água e chutando as latas de lixo da rua.

A estreita viela terminava em uma avenida, onde os carros corriam mais que eu!
Respirei fundo.
– Vamos até o fundo. – Falei comigo mesmo.
Como sempre, parei de correr.

Caminhei um pouco e parei debaixo de uma marquise; fechei o guarda-chuva rasgado; ajustei o palito no escuro.
Discretamente, tirei um velho relógio do bolso, conferi a hora.

– Cheguei na hora certa! – Não senti alegria com isso. Em outras situações talvez.

Uma mulher passou por mim cinco minutos depois de ter-me aninhado debaixo da marquise. Vestia um vestido cinza e usava um gorro amarelo-pastel; fumava e jogava longe a fumaça que gozará em seus pulmões; tinha boas feições, a moça, e não usava guarda-chuva. São Pedro tinha dado uma trégua.

Podia-se ver a lua quando estava entrando no carro.

– Olha lá, a Lua João! Você gosta da Lua?

Meu nome, João, quase tinha esquecido. Aquele sujeito com cara de idiota fez-me lembrar de meu nome!

– Olá “J”? – interrogou o motorista – vamos ter uma noite tranqüila hoje ?

Respondi que sim com a cabeça. Queria dizer que não! Não disse, deixei para fazer uma surpresa.

As instruções que deixei com minha esposa eram simples. Ela entendeu quando disse que precisávamos fazer aquilo. Colocou as balas na minha arma pela manhã e arrumou as malas pela tarde!

Saquei a arma e atirei no sujeito do meu lado. Em um piscar de olhos, também, já tinha matado o cara da frente.

– Ele nunca falava nada mesmo – resmunguei ao tirá-lo do volante; joguei os corpos no fundo do carro e depois limpei o volante. Segui viagem pela avenida deserta.